sábado, 30 de julho de 2011

ESCRAVIDÃO EM IGARAPÉ


      A Polícia Militar de Igarapé voltou ao tempo da escravidão, adotando escalas de serviço massacrantes e absurdas.
      A escala de serviço seguida atualmente é a 12x24 12x48, em que os policiais trabalham alternadamente durante o dia e à noite, com apenas um dia de descanso, totalizando 15 turnos mensais de 12 horas e meia cada. Como se não bastasse, uma vez por semana são obrigados a freqüentar o que chamam de “Treinamento Extensivo Semanal”, com duração de três horas cada. No total, trabalham 199 horas e meia por mês, sendo metade à noite. Além disso, o serviço exige constantes horas extras de trabalho, às vezes superiores à própria duração do turno (12 horas), horas essas que não são recompensadas posteriormente.
      O tempo máximo que um policial militar lotado em Igarapé consegue ficar de folga são 47 horas e meia, incluindo nestas o tempo gasto com deslocamento, considerando ainda que a maioria mora fora da cidade. A saída para quem mora longe são as trocas de turno, que não geram prejuízo ao serviço, mas raramente concedidas pelo comando, que segue à risca a escala, doa em quem doer. Alguns se arriscam a pegar a estrada após uma longa jornada de trabalho noturno, sabendo que quando chegar a sua casa, após poucas horas voltará para a estrada, retornando ao trabalho.
      Vemos que Igarapé segue à risca todos os princípios e doutrinas do militarismo arcaico, sobrepondo até a Carta Magna, inclusive os que dizem que o soldado é superior ao tempo, ao sono, ao cansaço, e que o militar deve abrir mão da sua vida social, da sua família, e de toda a pirâmide das necessidades humanas. Pesquisas confirmam que um ser humano é capaz de sobreviver nessas condições. Mas nenhuma diz que além de sobreviver, ele seja capaz de se empenhar ao máximo na árdua tarefa de manutenção da ordem pública.
      O Comando alega que a escala se justifica, pois há uma igualdade entre todos os policiais que trabalham no serviço operacional, visto que todos trabalham nos mesmos horários e escalas. Contudo, o organismo humano não é capaz de se adaptar a um horário de trabalho alternado, o que causa alterações no relógio biológico, que traz como conseqüências mal estar físico e psicológico.

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